terça-feira, 27 de julho de 2010

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS 01

A partir de hoje estarei publicando matérias sobre a história da cidade, curiosidades e contos. Não perca...Porque o blog também é cultura.

DALILA BÚ
©eduardonascimento

Antonina, pequena e centenária cidade do litoral do Paraná. Tem nos apelidos uma de suas identidades. Por aqui, quase ninguém é conhecido pelo seu verdadeiro nome e sim por um apelido. É o João Garça, o Paulinho Sabiá, as famílias Tiriça, Araponga, Lambança e Chico Loco. Os Pés de Anta, o Fala Fina e o Gorgó. Tem Mariguinha e seu neto Eduardo Bó.
Aqui, quem não tem apelido bom sujeito não é. E apelido somente pega, quando seu dono fica bravo com o novo cognome que lhe é designado.

Na década de sessenta, as figuras de destaques eram o Barreano, Caninana, Picongó e a mais popular de todas, Dalila Bú.
Dalila era uma velhinha de pequena estatura, que não gostava de ser chamada de Bú. Quando era apelidada, “soltava os cachorros” na turma e ofendia a progenitora de cada um: Bú é a mãe! Odiava quando diziam que era “amante do padre” ou qualquer outro predicado. Dalila era católica fervorosa, não perdia missa e adorava procissão, principalmente no dia 15 de agosto, a da padroeira da cidade Nossa Senhora do Pilar.

Dalila diariamente saia pela manhã de sua pequena moradia, atravessava a cidade e ia até o Mercado Municipal, bem mais para vivenciar seu momento de xingamentos, do que para abastecer sua pequena morada. Era nesse caminho que ia despejando todo um repertório de palavrões dos mais simples aos mais ofensivos, quando era chamada de Bú.

No fundo adorava ser apelidada, pois é do nosso conhecimento, que em determinada situação o pessoal - já conhecido dela e que fazia parte do seu também conhecido e repetitivo itinerário diário - combinava em não apelida-la e deixava a velhinha passar naturalmente. Mas isso não bastava, ela voltava a passar inúmeras vezes pelo mesmo lugar, até que então alguém falasse o seu apelido Bú. Ai sim, Dalila soltava sua verborréia e despejava seu imenso repertório: - É a mãe! Etc...Etc...Etc.
Assim seguia o seu caminho xingando todo mundo por onde passasse até chegar a sua pequena morada na Rua Riachuelo. No dia seguinte começava tudo de novo.

Dalila Bú conviveu conosco até o início dos anos 80, quando bem velhinha, já com seus cabelos brancos e com a saúde debilitada, foi levada para um internato em Paranaguá, onde anos depois veio a falecer. Esta é a história de mais um dos personagens da nossa cidade.

2 comentários:

  1. Parabéns professor por esta história da Dalila Bú, minha vozinha sempre falava dela, eu achava que era um conto, agora descobri que ela era real. Sempre acesso o seu blog, tem assuntos interessantes, como esta escrito acima seu blog também é cultura, eu fui sua aluna no curso olhar fotográfico, que me tem sido de grande valia, estou tirando lindas fotos.

    Abços JÔ

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  2. É isso aí, Eduardinho! Bela homenagem à inesquecível Dalila Bu. Continue resgatando as figuras populares de Antonina. Abração!

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