quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

VALE A PENA LER DE NOVO

Publicado em 10 de dezembro de  2002   e no livro "Crônicas da Cidade" 2006
RELLEN SALU BERGHT... O POETA DE ANTONINA.




Heitor Vieira, mais conhecido como Rellen Salu Berght, de nome complicado e difícil de escrever, é uma das figuras populares da nossa cidade e de inegável importância para a nossa contemporaneidade cultural.   Heitor, digo Rellen - como faz questão de ser chamado - nasceu por aqui mesmo, no bairro do Batel aos 28 dias do mês de maio do ano de 1931. Filho de Francisca  e Irineu Vieira, comerciante, escolheu o nome de Heitor em homenagem ao prefeito da cidade, o Engenheiro Heitor Soares Gomes. Mas como ele mesmo conta, a sua mãe não se contentou com aquele nome e nos primeiros dias de vida apresentou o novo herdeiro a um assíduo freqüentador do seu empório, o escravo Fanor, que ao olhar a criança disse: ele  vai se chamar Rellen Salu Berght. E assim se cumpriu.

Rellen, poeta, compositor é um dos maiores contadores de histórias da nossa cidade, alfaiate de profissão, trabalha em seu próprio domicílio. Mas é durante o carnaval que vive e revive os seus maiores momentos de glória. Salu-berght se transforma na figura discreta e central do evento, pois quase sempre tem um ou dois sambas-enredos de sua autoria sendo versados na avenida, por uma ou mais Escolas de Samba da cidade.     Com passagens como autor de peças teatrais lá pelos anos 70, quando incentivado por Gerson Machado, no Grupo de Teatro Amador do Clube Primavera, encena inúmeras peças de sua autoria como: A mulher que eu pedi a Deus;  Bastante Vingado e Lágrimas de Mãe, entre outras.                                                                                                     Como compositor carnavalesco, faz sua primeira criação para a Escola de Samba Batuqueiros da Caixa Dágua, em 1975. Que por ironia do destino o tema da Escola foi “ Homenagem a Heitor Soares Gomes”. No mesmo ano compõe para a Escola de Samba do Batel o samba enredo “Homens e Fatos de Antonina”. Daí seguem outros grandes sucessos como “O Trem” e “Rainha das Cachoeiras”.  Em 1980 muda de camisa e veste a azul e branca da Escola de Samba Filhos da Capela e compõe o samba enredo “Fonte da Carioca”; em 82 “A lenda do bosque encantado”; em 83 arrasa na avenida com o seu maior sucesso “Carnaval sonho e nobreza” ...Sonhei que era carnaval, festa do povo...Que bom seria sonhar tudo de novo. Em 84 levanta o “caneco” do tricampeonato pela Escola de Samba Filhos da Capela com o samba enredo “Astro Rei”. Outros sambas e marchinhas alegraram muitos carnavais da nossa cidade, todos saídos da fértil criatividade dos versos do grande compositor da nossa cidade, mas foram os das décadas de 70 e 80 os mais importantes da carreira do compositor. Rellen também gosta de dedilhar suas poesias, fala sempre da sua amada e das coisas da nossa cidade.  Seus versos simples  quase sempre rimados,  nos remetem à momentos da nossa história e nos despertam para uma reflexão.

Rellen é o nosso maior poeta vivo.  E quando indagado fala que sente falta dos grandes carnavais da nossa cidade, que se tornaram apenas lembranças. Também cobra uma maior atenção por parte das autoridades que estão deixando a nossa história morrer, quando questiona a falta de promoção de eventos que possam reunir as pessoas, os artistas e as nossas crianças em uma troca de experiência cultural.
Rellen é um dos poucos protagonistas da história viva da nossa tão querida Antonina.


Antonina, berço de homens ilustres.
Escritores, pintores e poetas;
Seus monumentos,
Relíquias de uma geração,
Que foram construídos
Na época de sua evolução;
Igrejas, Fonte da Carioca e Theatro Municipal
Velho portão.
Que a linda avenida enfeitava...
Um dia foi destruído,
Jamais será esquecido...
Antigo Mercado.
Antes de ser derrubado,
Pelas ondas do mar foi beijado.
Antonina, banhada pelas águas temperadas
Nem doce e nem salgada.
Molhando o corpo da mulata capelista
Quando banha-se lá na Pita.
Praça Coronel Macedo.
Onde os pássaros despertam bem cedo;
E na Feira Mar.
Que maravilha as noites de luar...

Quando Deus criou Antonina.
A sete chaves a cópia ele escondeu.
 Lugar igual a este
Ainda não apareceu...
Fundada por Manoel de Valle Porto.
Luso viajante, que aqui chegou.
Antonina jóia pequenina.
Que a Virgem Santa abençoou...

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