domingo, 22 de janeiro de 2012

FALTAM PROJETOS E VONTADE II

Quando olhamos para a nossa pequena faixa beira-mar urbana, que não chega a 700m e compreende nada mais que duas ruas, a Marques do Herval e a Antonio Prado, tomada em sua maioria pela Praça Feira Mar (Romildo Pereira), notamos claramente a falta de planejamento em sua ocupação.
Do antigo pátio de cargas que ocuparia os pequenos navios que ali aportavam até o início dos anos sessenta, somente restaram algumas construções que hoje se encontram em ruínas. Em 1969 o pátio de cargas cedeu lugar a I Feira Mar, evento que tinha como proposta expor nossos produtos e serviços, promovido pela gestão do prefeito Romildo G. Pereira.
A expo não passou de sua primeira edição e o local se tornou conhecido como Feira Mar sendo lentamente organizado e transformado em praça, recebendo o nome do prefeito realizador.
Se por um lado o prefeito deu um novo tratamento para aquele território, por outro em nome da “modernidade” demoliu vários armazéns e o centenário Mercado Municipal.
De lá pra cá se passaram 50 anos e quase nada foi realizado, a não ser a construção de um outro Mercado e o Trapiche, que sempre são objetos de especulações políticas de governos que resolvem fazer mais uma das suas reformas, com intenção nada transparente.
O referido espaço, vem sendo palco de vários experimentos administrativos municipais. Um resolveu construir um monumento e mandou calçar toda a praça. Outro instalou nova iluminação, mas os recursos foram insuficientes para todo o logradouro. Alguém mandou fazer uma quadra de esportes e finalmente cortaram dezenas de árvores, destruíram calçadas e cercaram com alambrados nossa praça. Tudo na justificativa miúda da tal aparente melhoria.
O que nos parece é que realmente falta - por parte dos nossos administradores - um olhar mais perspicaz sobre o espaço, sua importância e como transformar aquelas ruas a beira-mar em uma orla organizada e atraente. Preservando suas características arquitetônicas e paisagísticas.
Posso até afirmar que não foi por falta de projetos. Vários foram elaborados pelo governo estadual, mais nunca saíram do papel. Não acredito que tenha sido por falta de recursos, mas por falta de vontade e peso político dos nossos prefeitos e representantes (não temos nenhum na esfera estadual e federal).
Entre todos os projetos que acompanhei, o que mais me fascinou foi o apresentado pelos alunos do Curso de Arquitetura da UFPR no XIII Congresso da União Internacional de Arquitetos/México 1978, de autoria dos alunos  Beatriz Mazer, Célia Maria Lass, Janete Joucowski, José Tadeu Smolka, Marilice Casagrande Lass e Wladir Simões de Assis Filho.
O projeto na essência consistia na transformação do referido espaço - mais precisamente na Marques do Herval ao fundo da Matriz - em Espaço Administrativo, aproveitando todas as características do local e principalmente na recuperação das construções abandonadas.
O projeto acadêmico foi um sucesso, mas não conseguiu ultrapassar sua função em convencer os políticos de plantão para sua implementação.
Em plena segunda década do novo século, a cidade continua a espera de alguém e de um governo, que tenha um olhar mais estendido, que possa entende-la holisticamente, mas que no mínimo reconstrua um dos nossos ricos tesouros: nossa paisagem urbana a beira-mar.


Croquis do projeto Espaço Administrativo













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