sábado, 18 de fevereiro de 2012

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS VII...O Sangue-de-diabo

Meninos com bisnagas, década de setenta.

Sangue-de-diabo

Hoje, sábado pré-carnavalesco, estava andando pela Praça Cel.Macedo e dei conta que algumas frutas do pé de Guapê – achava que nem mais existia – estavam caídas pelo chão e manchava o único banco sob sua sombra. A sensação imediatamente remeteu aos velhos carnavais da minha infância, onde os desfiles dos blocos aconteciam no período da tarde e os foliões usavam os lança-perfumes e bisnagas com água, para chamar atenção dos seus pretendentes, ou simplesmente brincar e iniciar a folia.
A criançada criativa e travessa - aproveitava para fazer suas peraltices e colhiam as encarnadas sementes do guapê, liquidificavam com água e criavam o produto mais famoso entre os peraltas: o Sangue-de-diabo.
Os meninos com as bisnagas carregadas com o fatídico líquido se sentiam poderosos e saíam pelas ruas “infernizando” os foliões mais comportados e “engomadinhos”.
O tal Sangue-de-diabo criava um alvoroço que poucos encaravam levar uma bisnagada. E quando isso acontecia, a mancha era mortal, pois impregnava nas roupas e não tinha substância para a eliminar.
Tempos depois, o temível Sangue-de-diabo ora produzido com a fruta do guapê, deu lugar a uma reação farmacológica, onde se juntava amoníaco com Lacto-pulga, produzindo a mesma coloração, mas, com efeito, menos prejudicial as suas vítimas.
Coisas dos carnavais da minha infância.

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