Entre o desejo de sair candidato a eleição a prefeito da sua
cidade e ser o escolhido do seu partido, existe uma distância imensa,
principalmente quando o grupo considerado majoritário faz do pragmatismo
eleitoral sua bandeira.
Claro que a disputa interna em um partido político que
deseja chegar ao poder faz bem as mentes pensantes e a democracia interna, mas
as manobras do baixo-clero e hoje até do alto-clero, estimulam a prática da
sacanagem e o desrespeito pelas pessoas, idéias e intenções.
Em 1996, em minha plenitude profissional, resolvi
experimentar o ingrediente da disputa interna em prol de uma candidatura.
Depois de muitas noites em claro, de idas, vindas e conversas com companheiros
e mandatários hierárquicos, consegui bravamente ser escolhido pelo Partido dos
Trabalhadores como seu candidato a prefeito da minha cidade.
O caminho entre o desejo e a realização confesso que foi
árduo. E tudo foi no tempo em que o Partido dos Trabalhadores estava em
processo de crescimento e sequer tinha um postulante para tal cargo na cidade.
Assim mesmo, o grupo que detinha a sigla queria a todo custo
se coligar com uma outra candidatura. Não que acreditasse nas possibilidades de
um espaço para que pudesse desenvolver políticas públicas voltadas para a
comunidade, mas simplesmente para fazer parte do poder.
Nosso pequeno grupo resistiu e saiu com candidatura própria
e chapa completa de majoritário e proporcional, sozinho sem nenhuma coligação,
devido à natureza da proposta e a conduta do partido.
Hoje, após dezesseis anos daquela experiência e afastado do
processo devido às decepções com a política e com os políticos. Percebo que as
práticas partidárias na cidade, se tornaram ainda mais autofágicas, desonestas e nojentas.
Somos tratados como mercadoria desqualificada, negociada com um simples
ninguém, em troca de uma provável retribuição.
No atual cenário dá também para perceber a existência de pessoas
bem intencionadas, sonhadoras e iniciantes, que degustam o sabor amargo do
momento e que dificilmente farão parte dos selecionados até 30 de junho. Prazo
final para as convenções partidárias.
Esse somente é um prelúdio porque a guerra real ainda vai
começar.
Tenho dito.
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