quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

A inauguração do sinaleiro*


Novo governo e em seus primeiros dias já convoca a comunidade para a sua primeira inauguração: o sinaleiro.
Equipe toda aposta, secretários de governo, técnicos e atendentes todos enfileirados. A banda da cidade toca seus hinos para chamar atenção dos transeuntes. Representantes do clero, padre, pastor e até pai-de-santo se enfileiravam e abençoavam o novo sinal. O xeique só não marcou presença porque sua embarcação vinda da cidade vizinha, não conseguiu abordar, devido a maré baixa.
Policiamento ostensivo para acalmar os ânimos dos motoristas e avisar que de agora em diante teremos que parar quando o sinal estiver vermelho, amarelo atenção e verde pode passar.
Sem pestanejar, durante os ultimatos dos policiais e alheio a tudo que estava acontecendo, uma carroça desgovernada acelera e passa rasgando e desconcertando os trajes dos oficiais e das autoridades presentes. O carroceiro é parado e enquanto seu cavalo pasta no abundante canteiro lateral, escuta atendo sobre o novo procedimento para cruzar aquela via. Minutos antes, um desatento motorista deslumbrado com a nova construção erigida na sua mão direita, quase atropela duas idosas que atravessavam a rua.  Somente interrompido por uma violenta e sonora frenagem.
Hinos e discursos são rapidamente executados pelos presentes, enquanto a fila de veículos vinda do porto, do centro da cidade e dos visitantes se acumula ao longo das avenidas. Ciclistas se amontoam sem saber por onde passar a procura da ciclovia que não conseguem visualizar. Buzinas nervosas são acionadas, antecipando assim a retirada dos festeiros, liberando a via aos veículos. Enfim foi inaugurado o sinaleiro. E ponto final.

*Essa é uma obra de ficção, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

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