ASSOBIÓDROMO OU FANDANGÓDROMO?
O Hélio
Leites me encomendou um projeto de carro alegórico – como arquiteto que já fez
estudo de Assobiódromo prá ele, parece um pedido razoável. Claro, acresce ainda
que sou admirador – não incensador – do Oscar Niemeyer.
Mas o pedido esbarra em outra
convicção minha: a da inutilidade de tentar “salvar” o carnaval curitibano.
Embora, salvação haja, é em recriações como a da “Escola de Samba Unidos do
Botão”. Isto é, com uma caracterização de coisa regional, não na imitação e
cópia dos esquemas brasileiros tradicionais. Parece que há uma dificuldade
enorme em se entender que Curitiba não é o Rio de Janeiro – nem Floripa, nem
Recife, nem Salvador e nem mesmo Antonina – no que essa diferença tenha de boa
ou de ruim.
Essa coisa patética que aqui temos
deveria ser esquecida de vez – o que é fácil – para alívio da população
oprimida pela ditadura momesca.
Não inventei isso – mas gosto, e há
mais quem goste, da idéia de fazer da cidade um refúgio para não-carnavalescos.
Traria muito mais gente, negócios e dinheiro a cada ano do que essa pífia Copa
do Mundo, que nunca mais voltará, praza aos céus.
Não é necessário demonstrar o óbvio,
a falta de vocação curitibana para o carnaval, e nem mesmo discutir as razões
dela. Fica por conta daquelas listas da internet, arrolando dezenas de razões
para abominar o “jeito curitibano de ser” – todas elas podendo ser resumidas no
já citado fato de que não somos Rio nem Floripa, nem etc. Não vejo porque
devêssemos ser de outro jeito – populações, ainda que minoritárias, tem direito
à sua própria personalidade. Se fossemos tão repelentes assim, não haveria uma
população adventícia maior que a nativa.
Mas a demonstração da nossa vocação
para refúgio político dos exilados da monarquia momesca, fica bem demonstrada
por um amigo que se refugiou em Curitiba do carnaval de Floripa. Deu azar e
hospedou-se em hotel do Centro Cívico onde, na falta de congresso religioso,
havia batucada com mais auto-falantes do que músicos.
Vão me dizer que há até tradições
carnavalescas na cidade – como a Banda Polaca do Dante Mendonça ou os Sacis da
Garibaldi. E eu vos direi que, no entanto, que uma andorinha não faz verão e um
bloco não faz carnaval, que as exceções confirmam as regras e etc e tal. E que
qualquer festa substitui com vantagens essas, poucas e circunstanciais.
Para quem não pode viver sem isso e
não se satisfaz com as comemorações futebolísticas, filas no litoral e
similares, poderia ser disponibilizada uma Kombi que levaria os costumazes
foliões para Antonina, que lá, me garante o Eduardo Bó, tem carnaval.
E agora vai ter quem me diga que o
veículo circularia vazio, ou com dois ou três passageiros – não faz mal, na
ponta do lápis ou, analisada a relação custo-benefício como gostam de dizer os
neoliberais, sempre sairia mais barato que as baldadas tentativas de implantar
um carnaval em Curitiba.
Então, Hélio Leites e “Povo do
Botão”, me desculpem, mas dessa vez, fico devendo. Serve um daqueles
botão-adesivo para distribuir na Feira de Artesanato?!
Key
Imaguire Junior
Curitiboca
faixa-preta
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