segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Aposentados graças a deus...(vale a pena ler de novo)

Publicado em 25/10/2009 e no livro "Tenho dito" 2012.

APOSENTADOS GRAÇAS A DEUS... E AO NOSSO TRABALHO
 

Esta é uma das frases que muita gente fala e ouve pela cidade. Vivemos em “uma cidade de aposentados”, tanto no bom como no mau sentido.
O paraíso é o ideal em que muitos aposentados se inspiravam quando ainda labutavam em seus postos. Mas tem muita gente, principalmente nós “capelistas”, que continua acreditando que aqui seja a melhor cidade do mundo para se viver. Mas não é bem assim.
Eu particularmente sempre achei que poderia contribuir – com minha experiência e natureza – para melhorar a cidade. E sempre tentei de alguma maneira deixar um pouco das minhas ideias e ações. Em 2005, fui convidado a fazer parte da nova equipe de governo que tinha um compromisso em mudar os rumos da cidade. Mudei de ares, topei o desafio e antecipei minha aposentadoria. Vou confessar que a motivação pela mudança e por ter um espaço na política me custou a perda de alguns R$, pro resto da minha vida. Mas topei. Entre poucas virtudes que tenho, uma é que não me arrependo das coisas que faço, pois sempre levo tudo muito a sério – até demais – nem que na metade do caminho tropece.
Iguais a mim existem centenas de pessoas que poderiam contribuir muito com a cidade e que também estão aqui por simples opção de vida, sem nenhuma preocupação de ordem financeira e com um desejo comum em viver bem e ver seus filhos e netos com expectativas de crescimento e qualidade de vida.
Mas aí é que mora o problema. 
Vivemos em uma cidade que passa por um longo período de estagnação social e econômica e ainda não achou sua nova vocação. Nossos mandatários mudam de quatro em quatro anos – alguns conseguem enganar duas vezes – e não conseguimos juntos dar um novo alento às nossas angústias do dia a dia. Ainda continuamos “a ver navios”. Com serviços públicos sem nenhuma responsabilidade e qualidade e governos sem a mínima participação popular. Claro... O “povo” não reclama, pois entende muito pouco ou quase nada do universo da política e dos políticos. Quem consegue dar seu berro solitário quase sempre é alijado do processo: “fala demais”.
Pela pequenez do nosso convívio era realmente para vivermos num paraíso. Mas é difícil, muito difícil, querer mudar um determinado padrão cultural enraizado, paternalista e com imensa dependência de submissão religiosa. As nossas autoridades políticas usam e abusam destes ingredientes e, sem contestação, vão dando prosseguimento ao estágio de letargia. Sequer conseguem montar um serviço competente de limpeza da cidade... Imagine pensar em um projeto de desenvolvimento sustentável a curto e médio prazos? Loucura.
Assim, nós “cidadãos aposentados... Graças a deus e ao...”, vamos lentamente também incorporando o espírito derrotista que paira em todos os cantos e esquinas do nosso velho rincão guarapirocabano. Mas, eu em particular, continuo tentando colaborar com a “minha vila” global. No mínimo exijo viver em um ambiente limpo e arejado. Porque quando começar a me satisfazer com menos que isso, já chegou a hora de mudar de universo. Aí realmente estarei me aposentando da vida. Tenho dito.

Um comentário:

  1. Kudos, confrade. Sempre digo que, ao contrário do chavão 'cada povo tem o governo que merece', não merecemos nossos governantes.

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